População e representantes da sociedade civil organizada criticaram o atendimento da Energisa, concessionária responsável pelos serviços de energia elétrica em Mato Grosso do Sul, durante audiência pública realizada pela Câmara Municipal de Campo Grande, na tarde desta quinta-feira (3). No debate, convocado pela Comissão Permanente de Obras e Serviços Públicos, os participantes ainda cobraram melhorias no atendimento aos usuários.
“Minha conta de luz veio muito alta no mês de janeiro, e a casa estava fechada, não tinha ninguém. Eu pago iluminação publica e lá não tem. Minha rua é escura, meu filho já foi assaltado na frente de casa. Estou sempre economizando, só com um bico de luz em casa, e a conta só aumenta”, reclamou Doralina Arguelho, moradora do Jardim Noroeste.
Tamanho o número de reclamações contra a empresa, a Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul instaurou, no primeiro semestre, uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para apurar irregularidades e abusos na prestação dos serviços. A Energisa, no entanto, conseguiu barrar o andamento das investigações na Justiça. Para o deputado estadual Marquinhos Trad, membro da CPI, a concessionária deve melhorar a relação com seus clientes.
“Primeiro acontecem as lesões, para depois o legislador se atentar e elaborar as leis. É assim que aconteceu com os conflitos agrários, com a violência contra a mulher, com a falta de respeito com o idoso. Algumas empresas acreditam que não temos direitos, apenas deveres. A Energisa detém o monopólio, aqui não tem concorrência. Isso não teria problemas, desde que a Energisa não desse o retorno de um atendimento respeitoso, igualitário e respostas às nossas reclamações. Essa audiência não é só para reclamar da conta de luz. A reclamação é a falta de comunicação que esta empresa tem conosco”, pontuou.
Também presente na audiência, a presidente da ADECC-MS (Associação de Defesa do Consumidor), Araci Araújo, revelou que a entidade, que atua há nove anos no Estado, não tem conseguido atender a demanda de reclamações contra a empresa. “Não estamos vencendo o tanto de reclamações que temos. Nosso foco principal é orientar o consumidor. A parte técnica mandamos para o Procon ou defensoria. Nos colocamos à disposição de todos vocês”, disse.
Já o presidente do Sinergia (Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Energia no Estado de Mato Grosso do Sul), Elvio Marcos Vargas, também teceu duras críticas à Energisa. “Até 1997, a energia era de responsabilidade do Estado. A Enersul tinha como maior acionista o Estado. Depois, a concessão passou a ser de alguém que já tem foco de visar lucro. Eu vi diretores da empresa saindo muito melhores do que entraram, através da exploração de terceirização. Saíram muito bem remunerados. Temos que ficar atentos e denunciar ao Procon. Isso que a empresa está fazendo é uma vergonha. Esse grupo veio aqui somente para ganhar dinheiro sem preocupação e compromisso com a sociedade de Mato Grosso do Sul”, disparou.
Outro lado – O gerente da Energisa, Ercílio Diniz, participou do debate e tirou as dúvidas dos participantes. Segundo ele, em muitos casos, as contas dos consumidores aumentaram por conta do aumento da tarifa em função do funcionamento das termelétricas. Além disso, negou que a empresa atenda mal seus clientes. “Hoje, no Facebook ou Twitter da empresa, se você colocar uma reclamação, você será respondido. Não precisa ir à empresa ou ligar no 0800, mas, se quiser, pode também”, garantiu.
Sobre o corte do fornecimento aos inadimplentes, ele disse que a empresa dá, em média, 45 dias de prazo para que a dívida seja quitada. “Nós notificamos o cliente antes de fazer a suspensão dos serviços. Tenho que dar um prazo de 15 dias para que possa fazer a suspensão. Entre ele ficar inadimplente e efetuar suspensão, decorre um prazo de 43 a 45 dias. Nós notificamos o cliente na conta seguinte. Além disso, mandamos SMS para o cliente, mandamos carta”, explicou.
Jeozadaque Garcia
Assessoria de Imprensa da Câmara Municipal